Do momento em que acordamos até a hora de dormir novamente, recebemos uma grande quantidade de anúncios na internet, na televisão e em outras mídias que muitas vezes nos incentivam a um consumo excessivo. Além disso, há um conceito do que é ser “bem-sucedido”, geralmente relacionado à quantidade de bens que uma pessoa tem, mais um estímulo a consumir cada vez mais. O minimalismo como estilo de vida vai contra essa ideia, apoiando o consumo consciente, apenas do necessário e de itens duráveis, evitando assim o descarte em excesso que gera uma nova necessidade de compra.
Essa ideia se aplica não apenas às compras novas, mas ao que já existe dentro de casa: analisar os móveis, objetos de decoração, papéis e outros objetos que podem ser descartados ou doados é uma maneira de deixar de lado aquilo que não é necessário. As pessoas que seguem o minimalismo afirmam que essas atitudes trazem mais espaço na casa, mais liberdade para usar o dinheiro com outras prioridades, mais qualidade de vida, mais tempo e energia para viver experiências e mais economia.
O estilo de vida minimalista
A palavra minimalismo surgiu nos anos 60, nos Estados Unidos, para se referir a um conjunto de movimentos artísticos e culturais (como o construtivismo, a vanguarda russa e o modernismo), expressado especialmente nas artes visuais, no design e na música. Neste contexto, o minimalismo usa a menor quantidade possível de recursos para elaboração das obras. Visualmente, por exemplo, há a utilização de poucas cores e formas geométricas simples. É da aplicação do minimalismo na arquitetura que surge a frase “less is more” (menos é mais), dita pelo arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe.
Trazendo o minimalismo como estilo de vida, a famosa frase de Ludwig Mies também se aplica, mas não pense que é necessário abdicar daquilo que é importante ou deixar de gastar cada centavo: no minimalismo, o consumo não é o problema, mas sim o consumo excessivo e sem consciência, sem necessidade, no automático. Não há uma linha entre certo e errado que separe quem é ou não minimalista, afinal, não trata-se de uma competição, mas sim de mudanças de hábitos individuais. A prática do desapego é constante.
Como aplicar
Você sabe cada roupa que tem no armário ou, quando olha cuidadosamente cada cabide, se depara com uma peça que nem lembrava que existia? A segunda opção é a resposta mais comum, pois temos a tendência de acumular sem senso crítico. Veja como aplicar o minimalismo no seu dia a dia aos poucos e de forma simples.
- Roupas e sapatos
O exemplo acima já é suficiente para dar o ‘start’: analise todas as peças de roupa que você possui, uma a uma, sem deixar nada para trás. Veja o que não foi usado nos últimos 6 meses, o que está largo ou apertado demais, o que não faz mais sentido com sua personalidade atual e separe para venda, doação ou descarte. Guardar aquela camisa que não serve mais há anos na promessa de emagrecer ou ganhar massa muscular, por exemplo, é muito mais um apego do que um objetivo concreto. O mesmo vale para sapatos, acessórios e livros. Liberte-se!
- Serviços
Revise os serviços contratados e o quanto são utilizados, como telefonia fixa, telefonia móvel, TV à cabo e streaming. Se há meses você não assiste mais aos canais da TV a cabo, por que manter isso na sua vida e no seu orçamento?
- Arquitetura e decoração
Está tudo bem se você gosta de ambientes com muitos objetos decorativos e se vários itens da sua casa tem significado ou valor emocional. Lembre-se que o minimalismo não é se desfazer de tudo, mas sim daquilo que não é importante, que não faz diferença, que não tem relevância. Observe seus cômodos com senso crítico. Se está começando a decorar agora e quer a parte visual do minimalismo presente nos seus ambientes, escolha poucas cores, linhas retas e formas geométricas simples – além de poucos móveis.
Os móveis planejados funcionam muito bem em projetos minimalistas por vários motivos:
- São feitos para durar, em materiais de alta qualidade, ao contrário de outros móveis que muitas vezes se desgastam rapidamente e precisam ser substituídos;
- Ocupam o espaço exato que precisam ocupar, transmitindo a sensação de um ambiente organizado e ‘clean’;
- Adaptam-se ao estilo visual escolhido, neste caso, às cores mais claras ou neutras;
- São funcionais naturalmente, mas ainda podem ser feitos para objetivos específicos de funcionalidade, por exemplo, uma mesa que fica embutida na parede e é montada apenas na hora do uso. Assim, há mais espaço livre, algo muito condizente com o minimalismo.
O estilo de vida minimalista nunca tem fim, uma vez que sempre haverá algo para desapegar. O objetivo não é não ter mais bens materiais, mas consumi-los com consciência, para que você mesmo defina os rumos da sua vida, escolhendo como vai usar o seu dinheiro e o seu tempo. Em pequenas atitudes, como a limpeza de uma gaveta cheia de pequenos itens esquecidos, você provavelmente já sentirá um grande alívio.